O dia em que a bolsa do Rio quebrou
Conheça o homem que seria o mais rico do Brasil se não tivesse sido zerado pela área de risco da Bolsa
Começando pelo começo (risos): A B3 é a atual bolsa de valores brasileira, mas por volta de 1960 existiam mais de um a bolsa no país. Eram 27 bolsas ao todo, sendo uma para cada estado, incluindo a bolsa de São Paulo. Em 9 de julho de 1989, a bolsa de SP e a do Rio despencaram, quedas que estão ligadas ao empresário Naji Nahas - aquele que citamos no subtítulo.
(Foto: reprodução)
Naji Nahas X Bolsa
Naji Robert Nahas é um empresário libanês que veio para o Brasil em 1969. Em sua vinda para o país, Nahas trouxe uma fortuna de milhões de dólares doada pela família, montante que ele destinou para aquisição de empresas de variados tipos de segmentos.
(Naji Nahas - Foto: reprodução / Globo News)
O empresário começou a investir no mercado financeiro na década de 80, na bolsa do Rio de Janeiro, em um período em que o mercado enfrentava muita volatilidade diante de vários fatores, como desvalorização da moeda, juros altos e hiperinflação.
Em 1989 as bolsas do Rio e São Paulo tombaram, quedas essas que aconteceram após cheques sem fundo do empresário Naji Nahas terem estourado na praça, totalizando o valor de 39 milhões de cruzados novos.
Conforme uma reportagem da Veja, de 1997, o empresário tomava dinheiro emprestado de bancos e aplicava os valores na bolsa, realizando negociações consigo mesmo por meio de laranjas e corretoras. Papéis de empresas as quais ele investia se valorizavam muito, através do esquema, mas por pouco tempo - uma valorização artificial que não se sustenta no longo prazo.
Nahas chegou a declarar que a crise das bolsas em 1989 se deu pela mudança nas regras de negociações de ações pelo presidente da Bolsa, alteração que teria sido baseada em considerações de moralidade e transparência do mercado acionário, segundo o empresário.
Prisão
Em 1997, Naji Nahas foi condenado, pela 25ª Vara Federal do Rio de Janeiro, a 24 anos e 8 meses de prisão por crimes contra a economia popular e sistema financeiro. Entretanto, a decisão foi posteriormente revertida pelos advogados do empresário. Além disso, todos os processos referentes ao caso transitaram em julgado, não podendo mais ser objeto de recursos, e Nahas foi absolvido das acusações.
Do início ao fim
(Foto: reprodução / Shutterstock)
Como contamos no início do texto, já existiram outras bolsas. Após o tombo de 1989, a bolsa do Rio não conseguiu se recuperar e foi incorporada pela Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) em 2002. Em 2008, foi criada a BM&FBovespa, conhecida hoje como B3.